17 de jan. de 2013

A tempestade


Rastejando em minha pele, percorrendo todo o meu ser, e então me envolvendo em calor e frio.
Me envolvendo e me perdendo nesse queimar da face e arder do peito ao sair por aí enquanto a chuva imunda lava os passos.
O peso que eu carrego não é o meu por natureza. Estou sobrecarregada.
Me recuso a seguir adiante, estou exausta. Preciso de água e de um cobertor. Preciso de paz de espírito e de um pouco de amor.
A chuva caí lá fora e a tempestade ecoa dentro de mim. Posso ouvir os trovões que seus gritos trazem aos meus ouvidos. Talvez relâmpagos amargurados estejam se espalhando entre os céus.
O vento corta a pele, toda dor contida se espalha. Sinto-me formigar. Como dói!
 Então eu sangro, através de cada ferida não cicatrizada nesse coração corrupto e miserável, sedento de amor e prazeres ingênuos e fatais.
Oh, como eu queria me desfazer de tal ratoeira que se prende e repreende em mim.
Como eu queria voltar a fazer parte do meu circo de horrores, aonde ficava a vagar em minha solidão impune.
Era tão grandioso o prazer de me perder em lágrimas soltas, desprendidas das janelas de minha alma, sem que ao menos alguém pudesse tentar entender o quão tola eu seria.
Rastejando então sob a minha pele, eis que tenho você tentando correr em minhas veias. Então me envolvo em dor, tento arrancar cada pedacinho que insiste em se alojar debaixo da minha pele. Corto o que há de melhor e pior em mim, e logo você saí, junto com o meu sangue contaminado com minhas abominações putrefatas.
Logo então estou livre, posso me sentir só na multidão de caricaturas inexistentes em meu quarto.
A chuva já não cai mais, porém o vento corre contra o tempo atrás de vestígios dos sonhos abandonados na lixeira do medo.
Logo o vento esbarra em sua face, e então você pode sentir o que há de mim. Agora.

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