7 de fev. de 2012

Sou

Se nem eu mesma sei o que sou, como é que vou saber o que serei? E até quando?
Eu não sou nada mais, nem nada menos do que um erro. Uma confusão que foi criada, e que não pode ser desfeita.
Sou como um pássaro que voa pelo céu cinzento. Sou as cinzas de um cigarro que o vento carrega. Uma folha que a árvore rejeitou.
Sou como o dia quente que incomoda, e a noite fria que refresca a alma. A lua crescente que me banha, e os olhos de um gato na escuridão. A pegada na areia, a onda que beija, e a brisa que se sente.
Como o tudo e o nada.
Sou o que a vida me leva a ser. O choro da criança, e o grito no portão. As luzes que se apagam, o breu, a escuridão. A lágrima na face, e a ferida em sua mão.
Não sei o que acham que sou. Não sei o que o mundo é.
Tampouco sei sobre as flores, sobre carros, e sobre o ar.
Respiro o que me dão, e sinto o que sobra. Mastigo a culpa tendo sede de perdão.
Me perco dentro do que devo ser. Me iludo na esperança de ser resgatada por uma parte do que fui.
Eu sou o erro da criação. Uma falha na comunicação entre Deus e o universo. Um pequeno fardo sendo carregado por águas agitadas, sem rumo, sem ideia de onde vou parar.
Eu apenas sou o que o mundo me manda ser.

Nenhum comentário: