31 de mar. de 2012

Saindo da rotina



Ela já não suportava mais ficar presa em seus pensamentos, reprimindo seus desejos, e seu jeito de ser. Achou que seria melhor encarar o mundo, e se libertar. Havia o mundo todo a sua volta à ser descoberto, e pouco tempo para percorrer os caminhos que lhe eram mostrados.
Decidiu então que não perderia mais seu tempo correndo atrás das migalhas que deixou pela estrada, acordou para a vida, estava saindo pela primeira vez sozinha, depois de tanto tempo.
A noite prometia. Era dia de rock na cidade. Todas aquelas pessoas que estiveram presentes em sua vida estavam por ali. Todo mundo com suas roupas pretas, e todas aquelas camisas de banda. Todas aquelas mulheres com seus cabelos coloridos, e olhos cobertos de preto.
Aquela agitação lhe fazia bem, uma felicidade contagiante tomava conta da sua alma. Ela queria pular, dançar, cantar, soltar a louca que esteve presa durante todos esse tempo.
Sem saber como, uma garrafa de vodka parou em suas mãos. Era tudo o que ela mais desejava no momento. Dançou, pulou, gritou, seus cabelos se agitavam de cima à baixo.
Então parou, começava a perder o controle do seu corpo, sentia o rosto quente, os olhos embaçados, foi então que o viu. Alto, cabelos longos, transpirava heavy metal, e cheirava a vodka barata.
O tempo passava, a banda continuava a tocar, cada vez mais os solos de guitarra se misturavam as vozes gastas. Sem perceber ele já estava ali entre todos os seus amigos, não conseguia tirar seus olhos dos dele. De repente tudo estava em silêncio, só conseguia olhar naqueles olhos. Ficou ali, paralisada, tentando recuper o fôlego. A música voltou a tocar, e logo seus lábios estavam nos dele. Sua mão em sua nuca. Podia sentir o gosto do cigarro tocar sua língua. Ao mesmo tempo não sentia mais nada. Estava em transe. Não sabia mais o que era real. Só sabia que queria estar ali, naquele sonho, ou naquele pesadelo. Naquele momento ali parecia ser o seu lugar.

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