27 de mar. de 2012

Trechos 2

Tudo parecia em ordem, apenas algumas feridas ainda estavam abertas. O lixo estava recolhido, as roupas estendidas no varal, e depois de dias no silêncio sepucral de seus pensamentos a música ecoava pelos cômodos de sua casa.
Tirou a roupa lentamente, jogou num canto qualquer no banheiro, e começou a gritar com toda a força existente em seu ser "Said, woman, take it slow and it'll work itself out fine. All we need is just a little patience."
A água escorria pelo seu corpo, fazia com que relaxasse, com quem se sentisse leve e viva.
Saiu do banho, e ainda nua se lembrou da última vez em que alguém havia tocado em suas curvas. Não sabia mais o que era calor, excitação, ou apenas carinho.
Tudo deveria mudar. Algo tinha que acontecer e melhorar os últimas dias.

Ainda sem rumo colocou uma roupa mais formal, e foi para sua primeira entrevista de emprego desde que tudo acontecera.
Ao chegar notou que era a pessoa mais estranha ali presente. Seus cabelos eram como o fogo vivo, e seus olhos envoltos de carvão. Seus olhos cintilavam num azul tão profundo e dolorido que chamava a atenção de todos.
Chegou sua vez de mostrar porque estava ali, e ironicamente a responsável pelas entrevistas fez as perguntas erradas para Duda.
- Então, Maria Eduarda, é isso? O que te traz até aqui?
Sem jeito ela respondeu o que obviamente as pessoas pensam.
- Bem, eu quero trabalhar, e preciso.
O silêncio tomou conta da sala e então as perguntas continuaram.
- Só isso?
Com as bochechas começando a corar respondeu:
- Bem, como eu disse, quero e preciso trabalhar. Creio que entrar para essa empresa me dará grandes oportunidades de monstrar minhas habilidades.
Após mostrar um interesse maior, o clima pareceu ficar bem menos tenso.
- Me diga, você acredita em príncipe encantado?
Então num gesto impensado gritou.
- NÃO! Er, claro que não. Príncipes só existem em contos de fadas. Podemos encontrar a pessoa certa para aquele momento, o que não significa que algo vai se manter para sempre. O que eu quero dizer é que definitivamente não acredito nesse tipo de ilusão. É isso.
Tudo parecia perdido. Sentia como se tivesse posto tudo a perder. Então sem mais, nem menos, Rute, sua entrevistadora lhe dá as boas vindas.
Sem entender, sorri e pergunta:
- O que está acontecendo aqui?
- Seja bem vinda à CobStore.
Algo parecia ter dado certo. Finalmente a sorte estava a seu favor.

Nenhum comentário: