
Via rostos, expressões, olhares debochados. Queria fugir de tudo aquilo. Estavam invadindo o seu espaço, a sua vida. O seu eu secreto, o limbo dos seus sonhos.
As lágrimas começavam a se formar, embaçava sua visão, os punhos já haviam se erguido, seus braços tentavam protegê-la. Se retraia, sentia o peso daqueles corpos quase que em cima do seu quase desfalecido.
De repente uma voz, distante, familiar. Aquele tom sereno, aquela voz. Aquele alguém chamava seu nome, gritava. Parecia que estava vindo em sua direção, mas aonde estava? Não conseguia enxergar nada.
- Maldita hora para chorar! - Gritava, mas a voz não saia.
Alguém estava chamando ela.
- Duda! Duda! Duda! Por favor....
Acordou confusa, quase que enaltecida por alguém tê-la salvo.
Ainda embriagada de sono tentou recordar de tudo o que havia sonhado.
- Era um sonho e apenas um sonho. Aonde já se viu? Ataques de pânico até em meus sonhos?
Olhou para teto, o breu do quarto lhe fazia sentir uma estranha saudade do desconhecido.
Levantou, pegou papel e caneta e começou a escrever o que estava entalado na garganta.
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As horas não passavam, queria que a noite viesse, a lua surgisse, e que seu olhar viesse de encontro ao seu.
Aonde ele estava? Aonde poderia encontra-lo? Já era tarde, uma certa angústia tomou conta da pequena Duda, que após tudo isso se sentiu menor ainda.
Então, mais tarde do que gostaria teve a oportunidade de lhe fazer seu.
Naquele momento estava entregando o seu melhor. Uma parte da sua vida que poucas pessoas souberam apreciar.
Viu aquele sorriso. Aquele. O sorriso doce e inocente, amável, gentil, abobalhado.
O sorriso mais sincero que pudera presenciar em sua curta existência quase interrompida.
Era aquele sorriso, aquele olhar. Aquela sensação que fazia com que tivesse a certeza de que valia a pena viver.
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