3 de mar. de 2013

Tudo o que eu tenho

Uma bola de neve começou a se formar dentro de mim, e não há nada que eu possa fazer.
Eu estou sozinha, sim, agora como antes, eu estou entregue à minha loucura. Todos os meus delírios cotidianos estão se misturando à sombra de todas as dúvidas que carrego nas costas. Todos os meus passos em falsos estão carregados de tropeços nos erros da vida ou como costumo pensar, nessa vida errada que me pertence.
Já não sei mais, assim como nunca soube se sou eu que sou toda torta ou se as estradas que percorro é que são sinuosas.
Já não sei, assim como nunca soube o que sou, alguém tão debochada aos olhos do espelho.
A bola de neve está rolando rumo ao meu buraco de lamentações. Eu quero gritar. Me ajudem! Estou muda. Minhas palavras só fluem quando mancham o papel. É a tinta e as lágrimas. É o meu oceano poluído de insegurança e dependência.
Hoje eu precisei de você, hoje eu precisei de mim para cumprir as minhas obrigações com a sociedade careta. Eu precisei de você para me abraçar e dizer que tudo ficaria bem, e no final, eu precisei de mim para segurar o choro da certeza de que toda solidão existente aqui não tem data para ir embora.
Hoje eu acordei e lembrei que estava viva. Senti arder as feridas abertas no meu peito, o ar me faltar nos pulmões, a fala se calar, e a lágrima rolar.
 Eu estou sozinha, mas não só. Tenho fantasmas, tenho vozes que ecoam ao meu redor, tenho a música que embala os meus surtos. Eu tenho você, mesmo aí. Eu tenho todos os meus eus aqui dentro.
Tudo o que eu tenho jamais vai me faltar. Tudo o que eu tenho deveria me abandonar.
Tudo o que eu tenho não passa de eu mesma no meu muro de lamentações.

Nenhum comentário: