15 de abr. de 2013

Só mais uma

 Já não consigo escrever mais o sinto de modo a disfarçar em versos a dor que assombra o que há em mim. Todos os eles foram digeridos pelo ácido envolto nas lágrimas em que me esvaio.
 Hoje só resta o meu corpo, quase todo putrefato. Toda a escória de lamentações originadas de palavras num contexto surreal dos meus desejos infames.
 Sou apenas um pedaço do que já existiu em mim. Alguém que se entregou ao mundo que nunca existiu, na irrealidade do ser e estar. Nas nuvens dos pensamentos soltos, dispersos pelo vento. Nos quais fragmentos dos sonhos semeiam toda a ilusão necessária para o sopro de vida e o risco de morte.
Já não sei o que há em mim, assim como nunca soube, talvez eu só precise transformar a ilusão que me move na realidade que me cerca.

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