18 de jul. de 2013

Confusão mórbida

Vivendo entre a realidade dos meus dias mórbidos e morrendo na ilusão dos meus inúmeros sonhos que se perdem ao amanhecer. É como não saber quando a pálpebra dos meus olhos estão em si ou quando se fecham as cortinas do meu teatro mental. Particularmente creio que seja a confusão destes versos que me levam a perder no que tem sido, no que já foi, e me perguntando se um dia ainda será.
Vivendo talvez eu não esteja, tampouco entre a morte meu corpo está. Nunca estive tão viva em meio à tantas pessoas que já não o fazem.
Meu sangue percorre minhas veias com tanta ferocidade que o animal em mim pensa em fugir dessas grades. Talvez ele tenha se cansado de ficar exposto enquanto o circo se exibia a sua volta. Aquela diversão era tão frágil que ao menor dos goles a lona do espetáculo se rompera. O vento atropelava todos que insistiam em permanecer assistindo a queda do meu eu. E eles, por sua vez, pareciam tão hipnotizados com a verdade que mal conseguiam se mover.
O que seria então meu viver e morrer neste mórbido mar de ilusões? Talvez o fim de um capítulo, o ponto final de uma frase ou ainda prefácio de um novo livro.
Talvez meu eu estivesse perdido entre tantos no meio daquelas páginas amareladas e empoeiradas que você esqueceu no armário.
Eu saberia definir perfeitamente o que essa guerra sentimental buscava. Saberia sim. Não fosse você aí parado, me olhando sem dizer uma só palavra.
Eu saberia me perder definitivamente no sonho que se segue, quem sabe até no despertar. Só não saberia dizer como foi que cheguei até aqui.
Eu lembro de ter sido o centro das coisas ou talvez as coisas fossem o centro do meu eu. As luzes de repente ofuscaram meus olhos. Foi aí que a confusão começou. Um gole de coragem para enfrentar o mundo, meia dúzia de frases lançadas ao vento e o mesmo desfazendo tudo.
Sim, eu consigo me recordar. Todos ficaram boquiabertos com a reação daquele animal. Como poderia gritar verdades tão doentias quanto aquelas? Como poderia ter destruído tudo?
Novamente as luzes ofuscaram seus olhos, a vertigem tomou-lhe por inteira, logo adormeceu ou talvez tivesse apenas despertado.


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