
Foi como se os fantasmas que me assombram resolvessem me visitar, e trazer algumas lembranças.
O tempo parou, as luzes se apagaram, e um fecho de luz invadiu meus olhos. Trouxe consigo algumas lágrimas, e um medo terrível, que havia ficado escondido durante todo esse tempo.
Meu corpo já nem sabe aonde está, mal o sinto, e quando acontece é como se tudo o que mantem viva sumisse, e a fraqueza que tanto lutei para manter afastada chega me invadindo em silêncio, sem pena alguma de me derrubar .
Minha mente se mantem ocupada, e ao mesmo tempo inexplicavelmente vazia. Ela chega até você, mas já é tarde, não há nada ali além de vagas lembranças, um pouco tumultuadas, um pouco distorcidas, e talvez até inexistentes.
É como se todos os rostos estivessem voltados para mim, e insistissem em gritar para as outras se manterem afastadas, aumentando ainda mais a minha dor, de não saber o que estava acontecendo comigo.
Não sei o por que de estar ali, mas pude sentir pela primeira vez a dor que me atingira. Pela primeira vez, em um espaço de tempo não calculado pela minha mente quase desacordada, pude sentir meu corpo, todo estirado no chão, coberto com algo tão gelado quanto o que sinto em sua ausência.
Sinto minhas mãos trêmulas, e uma dor quase mortal em meu peito. Sinto como se eu fosse o alvo de todos aqueles gritos, e agora, enquanto recupero a consciência. Pude ouvir alguém chorando. Um choro tão baixinho e distante, tão cheio de pesar, que pude entender finalmente o que acontecia.
Meu corpo lutava com a minha alma por mais uma chance de viver. Em um momento impensado eu havia me jogado ali, na sua frente, escolhendo tomar todas as suas dores e morrer em seu lugar.
Aos poucos consegui abrir os olhos, e te procurava loucamente. Percorri tudo o que meus olhos poderiam encontrar, e você não estava lá.
Pensei logo que eu não havia sido forte o suficiente para me colocar em seu lugar. Mas não, você não estava em lugar nenhum. Ainda sim eu escutava um choro, agora mais alto, talvez mais próximo. Consegui ver alguém se aproximando, devagar, porém não era possível saber quem era, meus olhos estavam embaçados e a dor aumentava.
A dor passou a ser insuportável, e minha consciência se despedia de mim, pouco a pouco. Eu já não sabia se tudo aquilo era real. Até que meus olhos fecharam, e tudo acabou.
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